26 de jul. de 2014

O Mundo de Sofia - Jostein Gaarder

Uma verdadeira aula de filosofia, quase didática, e até mesmo quem não se interessa por filosofia em si, vai gostar do romance por trás da aula.
Passando por Sócrates, Aristóteles, Santo Agostinho, Locke, Kant, Hegel, Marx... temos nesse livro uma ampla leitura do pensamento humano.

Pode-se ser considerado maçante em algumas partes, por não ser a filosofia uma linguagem de domínio tão popular, mas se nos deixarmos envolver, nem que seja pela curiosidade de aprender um pouco mais sobre o assunto, ou simplesmente pela história de uma adolescente que se vê diante de uma mudança fantástica em sua rotina, de forma alguma o consideraremos um livro chato.
Meus "únicos senãos" são uma certa inclinação tendenciosa para o Cristianismo, acho que poderia ser mais isento nesta questão da religião e a constante apresentação de algumas opiniões como verdades absolutas.
Mas partindo do principio que é a defesa de uma ideologia, pode-se entender essa postura.
As descobertas de Sofia e o dilema existencial que descobre no decorrer da história, são o truque de mestre para mesclar filosofia e romance de uma forma inteligente, especial, viajante!
Mas uma coisa que me despertou uma reflexão constante durante a leitura, foi o fato deste livro ser considerado literatura infanto-juvenil. Infanto-juvenil na Noruega, não é? Onde foi publicado originalmente, pois aqui no Brasil, com o sistema educacional que temos, dificilmente essa classificação seria condizente, nossos adolescentes, em geral, não são incentivados a ler um livro com essa temática.
Não, não é um livro difícil, e sim, um adolescente o entenderia de forma fluída, mas (me dói esse mas) nossa realidade educacional, onde grande parte de nossos adolescentes mal sabe o que é filosofia, onde a educação pública majoritariamente não estimula a leitura e onde os pais não tem esse hábito, pois por sua vez, também não tiveram este estímulo.
Claro que quem tem acesso à uma educação de melhor qualidade, um ambiente familiar onde a cultura é incentivada terá exponencialmente maiores probabilidades de apreciar a leitura de uma forma bastante proveitosa. E isso não é tarefa exclusiva das escolas, tem que começar em casa.
Parece óbvio, mas infelizmente não o é em um país onde uma enorme parte da população adulta afirma não gostar de ler ou não conseguir entender o que lê, onde professores mal têm material didático regular disponível, quem dirá incluir “O Mundo de Sofia” na grade de estudos...
Falando nisso, você já abraçou seu filho hoje? E já deu uma porção de cultura para ele hoje? Tão importante quanto...
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